Horário de verão: Os pontos negativos

Os pontos negativos do Horário de Verão

Elias Murad

 

 

BELO HORIZONTE [ ABN ] —  Iniciou no dia 5 de novembro o malfadado horário de verão. Em que pesem os argumentos do Ministério de Minas e Energia sobre as vantagens de tal horário, continuo com a minha posição dos males que a súbita mudança de hora pode provocar no organismo.

Aliás, os viajantes internacionais conhecem bem a manifestação dos males dessa mudança que tem a denominação inglesa de “jet lag”, que é o mal-estar que se sente quando se muda de fuso horário.

Atualmente, não são poucos os pesquisadores que têm demonstrado através do estudo da melatonina, os efeitos desse tipo de mudança brusca sobre o “relógio biológico” do corpo humano.

A melatonina, que é um hormônio secretado pela glândula pineal, localizada no cérebro, é a responsável pela pontualidade e pelo ritmo interno do corpo humano saudável.

Segundo os mais recentes estudos dos cronobiólogos, o funcionamento cronológico do corpo humano, ou sua agenda interior, não depende exclusivamente do ambiente exterior, mas se programa de forma a se adaptar a ele.

Cada órgão tem tarefas noturnas e diurnas a desempenhar com um padrão de atividade a cada 25 horas chamados de ciclos circadianos, pois duram um dia.

Sendo assim, quando se modifica de forma forçada os horários do dia, os ciclos biológicos também serão forçados a se alterar, acarretando desconforto, mal-humor e/ou dores generalizadas.

O pior da estória, é que as maiores vítimas são as crianças e os idosos, isto é, aqueles que mais sentem os impactos dessas mudanças, como, por exemplo cefaléias, intranquilidade, irritação, mal-estar geral e distúrbios do sono.

Como a melatonina é produzida depois do anoitecer, uma mudança na sua produção pode alterar todo o organismo, porque o corpo busca na melatonina a resposta para saber se é dia ou noite.

O que se percebe com isso é que o organismo humano foi programado para tirar proveito da natureza e não essa dele.

Por estar convencido de que a inversão forçada dessa regra, como a causada pela introdução do horário de verão na vida das pessoas traz mais dificuldades do que benefícios para as mesmas, foi que preparei um projeto de lei que propõe o fim de todos os horários especiais.

A despeito de qualquer economia advinda da implantação do horário de verão, pois este é o principal motivo alegado pelas autoridades governamentais para adotá-lo, e já se sabe que na verdade essa economia não passa de 1%, na média do consumo geral, mantenho minha advertência: “os prejuízos à saúde da população são maiores do que as vantagens alegadas.”

Enfim, há dezenas, se não centenas de alternativas de economia de energia elétrica sem que seja necessário submeter o povo a esse execrado horário de verão.

Ademais, convém dizer que a economia de cerca de 1% (um por cento) é duvidosa, porque está dentro da margem de erro, para mais ou para menos. No Brasil, tem-se explorado muito a energia hidroelétrica das usinas.

De um modo geral tem-se esquecido das outras fontes alternativas, como a energia eólica (gerada pelos ventos) e a própria energia solar. Somente agora algumas poucas residências têm procurado aproveitar a energia solar.

O chamado “apagão”, ocorrido há alguns anos, quando houve uma grande campanha para se economizar energia, foi um belo exemplo de como uma campanha educativa pode colaborar para economizar energia que, durante o seu transcurso deu uma economia não de um por cento (1%) mas sim, cerca de 20%.!

Mas, tudo isso dará muito trabalho. Muito mais fácil é, por decreto, de uma penada, mudar o ciclo circadiano dos brasileiros, alterar a produção do hormônio melatonina de seu organismo, o obrigando a se adaptar, de repente, a um novo ciclo de dormir, acordar e dormir.

Se isto pode causar algum mal ao seu organismo, será um pequeno sacrifício em benefício da indústria de seu país que necessita de mais energia para produzir mais, vender mais e, evidentemente, consumir mais. Salve o consumismo. A saúde que se dane…